Apesar do transtorno da identidade de um transexual poder residir nele desde uma idade muito precoce, é necessário que seja feito um diagnóstico clínico por parte de um psicólogo/ psiquiatra. No nosso país, a transexualidade, está classificada como uma doença psiquiátrica cuja cura passa pela realização uma cirurgia para transformar o corpo no sexo que a pessoa acredita ser o seu. Uma operação que tem que ser autorizada pela Ordem dos Médicos e cuja lista de espera é de dois anos, até porque só há um cirurgião, que até já está reformado, a operar em Portugal. O diagnostico correcto de um transexual é de vital importância uma vez que, caso a pessoa decida avançar para a operação de mudança de sexo, o tratamento cirúrgico é irreversível e, se incorrectamente indicado pode levar à mutilação genital até mesmo ao suicídio.
Depois de diagnosticados como sendo transexuais, é necessário proceder ao tratamento, que se inicia por uma fase de acompanhamento psicológico, que é a base de toda a terapia. Isto deve-se ao facto de ser nesta fase que é identificada a necessidade e a possibilidade de tratamentos hormonais e até da realização da cirurgia de redesignação sexual. Como tal, é recomendado um período-teste de cerca de dois anos antes da cirurgia durante o qual se prepara a pessoa em questão para todas as mudanças que vão ocorrer no seu corpo durante a sua transformação. Durante este período, as pessoas transexuais são submetidas a medicação hormonal, aconselhadas a viver totalmente de acordo com sua suposta identidade de género, tal como vestirem-se e comportarem-se em concordância com o seu sexo psíquico. Isto é importantíssimo, pois gradualmente adquirem o conforto e a espontaneidade necessária para a encarnação do seu novo sexo. Vivem momentos bons e maus, ao mesmo tempo que têm um feedback de como as pessoas irão reagir à mudança, uma vez que, na maioria das vezes, sua convicção pessoal não está muito firme de que se sentirão bem após a cirurgia. Pacientes bem preparados durante este período, geralmente, tornam-se bem integrados socialmente depois da correcção cirúrgica.
No nosso país, ao contrário da maioria dos países europeus, grande parte dessas pessoas que procuram tratamento para a transexualidade são mulheres que se sentem homens porque é essa a informação que o seu cérebro lhes dá. Há algumas que chegaram a casar e ter filhos para tentar encaixar num padrão de normalidade mas que, para serem felizes, acabam por se transformar em homens.
Psicoterapia:
A psicoterapia é adequada para os transexuais, para ajudá-los a conviver com o mundo que os rodeia, para terem uma visão mais realista do tratamento hormonal e cirúrgico a que se submeterão e para encarar sua vida futura após a mudança. Contudo, como a psicoterapia não alterará a profunda incongruência entre o sexo biológico objectivo e a identidade de género subjectiva de um transexual, o tratamento hormonal e cirúrgico para mudar o corpo em direcção ao sexo desejado são as únicas soluções para este dilema.
Terapia Hormonal:
A terapia hormonal tem como objetivo induzir o aparecimento de caracteres sexuais secundários compatíveis com a identidade de género. O corpo modifica-se, assim como a mente da pessoa.
No caso de mudança de sexo masculino para feminino:
O tratamento hormonal à base essencialmente de estrogénios e progesterona gera:
O tratamento hormonal à base essencialmente de estrogénios e progesterona gera:
- diminuição da fertilidade até à esterilidade
- diminuição do tamanho do pénis
- aumento gradual dos seios
- redistribução de gordura para regiões tipicamente femininas
- crescimento de pêlos no corpo torna-se mais lento, e os pelos podem-se tornar ligeiramente mais claros ou menos intensos.
- a pele torna-se mais clara e fina, e a sensibilidade ao toque aumenta ligeiramente.
- mudança nos odores corporais, na urina e na pele.
- amplificação das emoções, tornando a pessoa mais suscetível a descargas emocionais, choros e outros sentimentos.
- atuação menor das glândulas sudoríparas, gerando menos suor.
- aumento gradual dos seios
- redistribução de gordura para regiões tipicamente femininas
- crescimento de pêlos no corpo torna-se mais lento, e os pelos podem-se tornar ligeiramente mais claros ou menos intensos.
- a pele torna-se mais clara e fina, e a sensibilidade ao toque aumenta ligeiramente.
- mudança nos odores corporais, na urina e na pele.
- amplificação das emoções, tornando a pessoa mais suscetível a descargas emocionais, choros e outros sentimentos.
- atuação menor das glândulas sudoríparas, gerando menos suor.
No caso de mudança de sexo feminino para masculino:
O tratamento hormonal à base essencialmente hormonas masculinas, como a testosterona, gera:
O tratamento hormonal à base essencialmente hormonas masculinas, como a testosterona, gera:
- desaparecimento gradual da menstruação.
- esterilidade, como consequência do desaparecimento da ovulação.
- aparecimento de barba e pelos no peito.
- o timbre de voz torna-se mais grave.
- redistribuição da gordura corporal.
- aumento da libido.
- diminuição da actividade glandular.
Cirurgia de redesignação sexual:
A cirurgia constitui o último e derradeiro processo no tratamento da transexualidade. Várias técnicas cirúrgicas são utilizadas, não só procurando atingir o objectivo estético mas também a funcionalidade da genitália, tentando preservar a capacidade destes indivíduos atingirem o orgasmo.
No caso de mudança de sexo masculino para feminino é necessária a realização de uma cirurgia genital que inclui uma orquiectomia (remoção dos testículos), penectomia (remoção do pénis), vaginoplastia, clitoroplastia e labiaplastia. A cirurgia consiste em fazer os grandes lábios da vulva com tecido e pele do escroto e do pénis e os pequenos lábios vulvares com pele do pénis. A glande do clitóris é feita com parte da glande do pénis e a vagina com um excerto livre de uma parte de intestino delgado, mais propriamente o jejuno. A manutenção, sempre que possível, da enervação no tecido usado na construção da neovagina é fundamental na recuperação cirúrgica e na funcionalidade do órgão. Além da cirurgia para a troca de sexo, outros procedimentos cirúrgicos podem se fazer necessários como a rinoplastia, por exemplo, para que se adquira uma face mais feminina. Também pode ser necessária uma fonocirurgia para afinar a voz, e mamoplastia, para aumentar as mamas.
No caso de mudança de sexo feminino para masculino a cirurgia genital a realizar inclui uma mastectomia (ressecção dos músculos peitorais), uma ovariectomia (remoção dos ovários), histerectomia (ressecção do útero), metoidoplastia (formação de um pequeno pénis com os tecidos do clitóris e dos pequenos lábios vulvares e formação de um escroto com os grandes lábios vulvares) e colocação de próteses testiculares. O paciente pode ou não, conforme a sua vontade, também realizar uma faloplastia, cirurgia de aumento do pénis, e uma cirurgia de correcção do tamanho dos mamilos.
Após mudança de sexo anatómico é importante sublinhar que os transexuais perdem por completo a capacidade reprodutiva embora as suas vidas sexuais se mantenham mais ou menos saudáveis no geral. No caso das mulheres que se transformam em homens é um pouco mais complicado uma vez que torna-se um pouco difícil manter o pénis erecto devido à complexidade de construir a uretra e portanto nem sempre é possível atingir o orgasmo. Já no caso dos homens que se transformam em mulheres os órgãos genitais são funcionais quase por completo sendo mais simples estes atingirem o orgasmo.
Para além disso, existem outros aspectos negativos em relação à cirurgia de redesignação sexual, tais como, ser um tratamento mutilante e irreversível e não garantir o alívio total do sofrimento psicológico.
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